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Planos de Esperança - a voz de Deus em meio ao cativeiro

  PLANOS DE ESPERANÇA: A VOZ DE DEUS EM MEIO AO CATIVEIRO - UMA LEITURA TEOLÓGICA DE JEREMIAS 29:11-13 Dr. Gustavo Maders de Oliveira Bacharel em Teologia pela Faculdade Teológica Charisma Mestre e Doutor em Missiologia pela Faculdade Teológica e Cultural da Bahia   Resumo Este artigo propõe uma análise teológica de Jeremias 29:11-13, um dos trechos mais citados da literatura profética do Antigo Testamento. Frequentemente utilizado em contextos devocionais e motivacionais, este texto é, na verdade, parte de uma carta dirigida aos exilados judeus na Babilônia. O objetivo deste estudo é resgatar o contexto original e extrair implicações teológicas autênticas, contrastando promessas divinas com expectativas humanas. O foco será o propósito redentor de Deus, a centralidade da busca sincera e a esperança fundamentada na aliança. 1. Introdução Jeremias 29:11-13 é, para muitos cristãos contemporâneos, uma promessa de prosperidade e futuro promissor. Contudo, ao ...

Ainda não é o fim: porque não estamos na tribulação!

 

“Nós hoje não estamos vivendo o período da tribulação. Tem muita gente falando “qual selo que foi aberto?” Nenhum selo foi aberto ainda. O primeiro selo é o cavalo branco, o anticristo e ele só se levantará quando for assinado o tratado de paz. Tá lá em Daniel 9:24-27.” (Pr. Lamartine Posella)



Ainda não é o fim: porque não estamos na tribulação!”


NÓS HOJE NÃO ESTAMOS VIVENDO O PERÍODO DA TRIBULAÇÃO:

UMA ANÁLISE ESCATOLÓGICA APOCALÍPTICA


Dr. Gustavo Maders de Oliveira
Bacharel em Teologia (Faculdade Teológica Charisma),
Mestre e Doutor em Missiologia (Faculdade Teológica e Cultural da Bahia)


Resumo

Este artigo tem como objetivo demonstrar, à luz da teologia bíblica, que o mundo ainda não entrou no período da Tribulação descrito no livro do Apocalipse. Diversas interpretações contemporâneas sugerem que os selos do Apocalipse já estariam sendo abertos, contudo, ao analisarmos cuidadosamente os textos proféticos, especialmente Daniel 9:24-27 e Apocalipse 6, percebemos que tal afirmação carece de base exegética sólida. O início da Tribulação será marcado por um evento específico: o surgimento do Anticristo e a assinatura de um tratado de paz com Israel, o que ainda não ocorreu historicamente. Defende-se aqui uma escatologia pré-tribulacionista.

Palavras-chave: Escatologia; Tribulação; Apocalipse; Daniel; Anticristo; Selos.

1. Introdução

A escatologia cristã sempre despertou grande interesse, especialmente em tempos de crises globais. Com o aumento das guerras, pestes e catástrofes, muitos cristãos têm se perguntado se já estamos vivendo o período da Tribulação descrito em Apocalipse. Tal inquietação é legítima, mas precisa ser orientada por uma leitura fiel das Escrituras. Este artigo propõe que nenhum dos selos do Apocalipse foi ainda aberto e que o início da Tribulação depende de eventos proféticos ainda futuros.

2. A Profecia das Setenta Semanas (Dn 9.24–27)

A base para a compreensão do período da Tribulação está na profecia das setenta semanas, revelada ao profeta Daniel:

“Setenta semanas estão determinadas sobre o teu povo e sobre a tua santa cidade [...]” (Dn 9.24, ARA).

A última semana (a 70ª) é comumente identificada como o período da Tribulação, ou a “semana escatológica”. Daniel 9:27 afirma que:

“Ele fará firme aliança com muitos por uma semana; na metade da semana fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares...” (Dn 9.27, ARA).

O personagem que firmará essa aliança é o “príncipe que há de vir” (Dn 9.26), tradicionalmente identificado como o Anticristo. A assinatura deste tratado marca o início da Tribulação. Como tal evento ainda não se concretizou, não há base bíblica para afirmar que o mundo já esteja vivendo este período.

3. A Abertura dos Selos (Ap 6.1–17)

Em Apocalipse 6, João descreve a abertura dos sete selos. O primeiro selo revela um cavalo branco:

“Vi, então, quando o Cordeiro abriu um dos sete selos [...] E eis um cavalo branco. O seu cavaleiro tinha um arco; e foi-lhe dada uma coroa; e ele saiu vencendo e para vencer.” (Ap 6.1-2, ARA).

Embora alguns interpretem este cavaleiro como sendo Cristo, a maioria dos estudiosos pré-tribulacionistas o identifica como o Anticristo, um líder político global que surge com aparência de paz (cavalo branco), mas que trará juízo e engano. Essa figura só pode emergir após o arrebatamento da Igreja (cf. 2Ts 2.6-8) e a assinatura do tratado profetizado por Daniel.

Portanto, como o Anticristo ainda não se manifestou abertamente, é impossível que o primeiro selo já tenha sido aberto.

4. O Papel do Espírito Santo e da Igreja

Segundo 2 Tessalonicenses 2.6-8, há um "obstáculo" que impede a manifestação do Anticristo:

“E agora sabeis o que o detém, para que ele seja revelado somente em ocasião própria.” (2Ts 2.6, ARA)

A interpretação pré-tribulacionista compreende esse "obstáculo" como sendo o Espírito Santo operando através da Igreja. Logo, enquanto a Igreja estiver presente no mundo, o Anticristo não poderá se manifestar plenamente, o que reforça a ideia de que o tempo da Tribulação ainda não começou.

5. Considerações Finais

Diante da análise bíblica dos textos proféticos, concluímos que o mundo ainda não entrou no período da Tribulação. Nenhum dos selos do Apocalipse foi aberto até o presente momento, e o início desse tempo será marcado por eventos específicos, como a assinatura do tratado de paz com Israel e o surgimento do Anticristo. Ensinar que já vivemos a Tribulação é ignorar a cronologia profética revelada nas Escrituras. Portanto, a Igreja deve permanecer vigilante, mas não alarmista, aguardando a bendita esperança do arrebatamento (Tt 2.13).

Cabe lembrar que estamos vivendo o períoo compreendido como “o princípio das dores”, isto é, Jesus, em Mt 24, faz uma comparação destes dias com as dores de parto de uma mulher (cada vez mais fortes e cada vez mais frequentes). Estamos cada vez mais pertos de eventos como o arrebatamento, o início da tribulação (com o assinatura do tratado de paz com Israel), e de eventos escatológicos descritos no Apocalipse, principalmente, mas também em literaturas véteras e neotestamentárias.

Portanto, diante da análise escatológica fundamentada nas Escrituras, é evidente que ainda não estamos vivendo o período da Tribulação. Nenhum selo foi aberto, e o cavaleiro do cavalo branco — o Anticristo — ainda não se manifestou, pois o tratado de paz profetizado em Daniel 9:27 não foi firmado. Cabe à Igreja discernir os tempos à luz da Palavra, rejeitar interpretações apressadas e manter-se firme na esperança do arrebatamento, que precederá os juízos divinos que virão sobre a terra.

Referências

ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Tradução Revista e Atualizada. Barueri: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.

FRUCHTENBAUM, Arnold. As Setenta Semanas de Daniel. Porto Alegre: Chamada, 2004.

HOUSE, H. Wayne. O Arrebatamento Pré-Tribulacional. São Paulo: Editora Vida, 2011.

LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Edições Vida Nova, 1997.

PENTECOST, J. Dwight. Coisas por Vir: Um Estudo Bíblico da Profecia. São Paulo: Vida, 2008.

WALVOORD, John F. As Profecias de Daniel. São Paulo: Editora Batista Regular, 2011.

 

23/06/2025.

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