O ARREBATAMENTO SEGUNDO O APÓSTOLO PAULO:
UMA ESPERANÇA ESCATOLÓGICA DA IGREJA
Resumo:
Este
artigo analisa a doutrina do arrebatamento conforme apresentada pelo
apóstolo Paulo nas epístolas de 1 Tessalonicenses 4.13-18 e 1
Coríntios 15.51-52. O objetivo é compreender o significado, a
natureza e a finalidade desse evento escatológico, destacando sua
relevância para a fé cristã primitiva. Paulo apresenta o
arrebatamento como um evento glorioso, repentino e transformador, em
que os mortos em Cristo ressuscitarão e os vivos serão
transformados, para juntos se encontrarem com o Senhor nos ares. A
doutrina é tratada como fonte de consolo e esperança para os
crentes.
Palavras-chave: Arrebatamento. Paulo. Escatologia. Segunda vinda. Ressurreição.
1. Introdução
A escatologia cristã, conforme desenvolvida nas epístolas paulinas, reserva ao arrebatamento um papel central na consumação da salvação. O apóstolo Paulo trata do tema de forma mais explícita em 1 Tessalonicenses 4.13-18 e 1 Coríntios 15.51-52, oferecendo não apenas uma descrição teológica do evento, mas também um encorajamento pastoral para os crentes. Este artigo propõe-se a examinar como Paulo concebe o arrebatamento, suas características principais e implicações para a esperança cristã.
2. O Contexto Escatológico Paulino
A expectativa da parusia (segunda vinda de Cristo) era central na fé da igreja primitiva. Paulo escreve a 1 Tessalonicenses para consolar crentes preocupados com o destino dos que morreram antes do retorno de Cristo (1Ts 4.13). A esperança não é de aniquilação ou esquecimento, mas de ressurreição e reunião com Cristo.
3. A Ressurreição dos Mortos em Cristo
O primeiro evento descrito por Paulo no arrebatamento é a ressurreição dos mortos em Cristo:
“Porque o Senhor mesmo, dada a sua palavra de ordem, ouvida a voz do arcanjo e ressoada a trombeta de Deus, descerá dos céus, e os mortos em Cristo ressuscitarão primeiro” (1Ts 4.16, ARA).
Essa ressurreição é física e gloriosa (cf. 1Co 15.42-44), e representa a vitória de Cristo sobre a morte (1Co 15.54-57).
4. A Transformação dos Vivos
Aqueles que estiverem vivos por ocasião da vinda de Cristo não experimentarão a morte, mas serão transformados:
“Nem todos dormiremos, mas todos seremos transformados, num momento, num abrir e fechar de olhos, ao som da última trombeta” (1Co 15.51-52, ARA).
Essa transformação implica a incorruptibilidade e imortalidade do corpo, adequado à vida eterna com Deus (1Co 15.53).
5. O Encontro com o Senhor nos Ares
Após a ressurreição dos mortos e a transformação dos vivos, ocorrerá o arrebatamento:
“Depois nós, os vivos, os que ficarmos, seremos arrebatados juntamente com eles, entre nuvens, para o encontro do Senhor nos ares” (1Ts 4.17, ARA).
A expressão “encontro nos ares” indica um momento triunfal, em que a Igreja é recebida por Cristo. O termo grego usado para “encontro” (ἀπάντησις, apántēsis) era comumente usado para recepção de reis ou autoridades, sugerindo um retorno com Cristo à terra para reinar.
6. Um Evento Público e Glorioso
Ao contrário de interpretações modernas que sugerem um arrebatamento secreto, os sinais descritos por Paulo (brado, voz de arcanjo, trombeta) apontam para um evento visível e audível, com impacto cósmico e universal (1Ts 4.16).
7. A Finalidade: Estar Para Sempre com o Senhor
O clímax do evento é a união eterna com Cristo:
“E assim estaremos para sempre com o Senhor” (1Ts 4.17b, ARA).
Essa comunhão eterna é o cumprimento escatológico da promessa de redenção plena.
8. Consolo e Esperança
Paulo conclui seu ensino com uma exortação pastoral:
“Consolai-vos, pois, uns aos outros com estas palavras” (1Ts 4.18, ARA).
A doutrina do arrebatamento, portanto, não é apenas especulativa, mas pastoral. Ela sustenta os fiéis em meio à dor e à espera.
Conclusão
O arrebatamento, segundo o apóstolo Paulo, é um evento escatológico glorioso e consolador. Envolve a ressurreição dos mortos em Cristo, a transformação dos vivos e o encontro da Igreja com o Senhor. Sua mensagem central é a esperança de uma vida eterna junto a Cristo, que deve servir de encorajamento para os crentes em todas as épocas.
Paulo não era, explicitamente pré, midi ou pós-tribulacionista nos seus escritos, e afirmar que ele defendia essa posição é uma interpretação moderna, não uma declaração direta do texto bíblico. Nos escrito paulinos, não há menção de que o arrebatamento será antes, durante ou depois da tribulação. A ideia de separar a volta de Jesus do arrebatamento faz parte da escatologia moderna, cujo início foi no século XIX, não sendo um pensamento do primeiro século da era cristã.
Referências
ALMEIDA, João Ferreira de. Bíblia Sagrada. Revista e Atualizada. São Paulo: Sociedade Bíblica do Brasil, 1993.
HORTON, Stanley. A Doutrina do Espírito Santo. Rio de Janeiro: CPAD, 2001.
LADD, George Eldon. Teologia do Novo Testamento. São Paulo: Hagnos, 2001.
STOTT, John. A Mensagem de Tessalonicenses. São Paulo: ABU, 1989.
WRIGHT, N. T. Surpreendido pela Esperança. São Paulo: Ultimato, 2008.
Porto Belo, 12 de maio de 2025.
Dr. Gustavo Maders de Oliveira
Bacharel em Teologia (Curso Livre) - Faculdade Teológica Charisma
Mestre e Doutor em Missiologia (Cursos Livres) - Faculdade Teológica e Cultural da Bahia
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