O dízimo não é para a igreja
O dízimo não é uma prática para a igreja. Nunca foi! O líder religioso que assim procede está errando teologicamente, submetendo o seu rebanho a um jugo que não lhe pertence.
A prática do dízimo é vista na Bíblia antes da Lei, como nos casos de Gênesis 14:18-20 (dízimo de Abrão, dos despojos de guerra), em Gênesis 28:20-22 (o dízimo de Jacó), e o texto de Hebreus 7:1-4 – do sacerdócio de Jesus a Melquisedeque (antes da égide da Lei).
O dízimo é praticado por Israel, na dispensação da Lei: Deuteronômio 14:22-26; 26:12. E já existia dinheiro na época. O texto mais usado para pôr medo na igreja é o de Malaquias 3:8-10; 4:4. Mas este texto é bem claro em dizer “mantimento”, ou seja, alimento para o sustento do Templo, onde viviam os levitas, que não receberam terras na partilha das tribos de Israel. Mas o texto deixa bem claro que refere-se a Israel. E o devorador era uma espécie de gafanhoto, não uma entidade demoníaca, como já ouvi alguns pregarem. E, ainda, Mateus 23:23 – Jesus, sob a Lei (o Novo Testamento começou na cruz), dirige-se aos fariseus (judeus), que estavam debaixo da Lei (o Templo funcionava e necessitava sustento para os levitas).
O dízimo nunca foi uma prática destinada à igreja, pois esta nasceu na dispensação da graça, tendo a Lei morrido com Jesus (Romanos 6). Para a igreja está a contribuição voluntária e generosa, sem a imposição legalista (2 Coríntios 9:7).
Eu prefiro acreditar que muitos obreiros, por “descohecimento bíblico”, utilizam o versículo de Malaquias 3:10 no momento do ofertório (dedicação dos dízimos e ofertas), que não seja por malícia, mas por pura ignorância.
O quê dizer então acerca da contribuição? Ela deve acontecer (Gálatas 6:6), mas de maneira voluntária, com a máxima generosidade. É a lei da sementeira, quem semeia pouco, colhe pouco, quem semeia muito se farta.
É mister observar que nas Epístolas Gerais, que contém a doutrina da igreja, não existe ordem, de Paulo ou de qualquer outro autor do Novo Testamento sobre a prática obrigatória do dízimo. Torno a lembrar que o dízimo está disposto no Antigo Testamento, era para o povo de Israel, antes e durante a vigência da Lei, mas nunca debaixo da graça, esta não abarca a doutrina do dízimo, que existe no bojo do Antigo Testamento, somente. Qualquer contribuição no Novo Testamento deve ser voluntária, conforme orientado em 2 Coríntios, capítulo 9. Se não fosse assim, constaria nos autos do Novo Testamento a observância da prática do dízimo.
É sabido, contudo, que esta breve explanação pode vir a despertar a ira de obreiros que pregam a prática do dízimo na igreja. Eu não retirarei o que disse, ao menos que eu seja convencido pelas Escrituras e pela razão simples de que estou equivocado, e não por doutrinas de igreja ou concílios que são falhos e controversos. Quem quiser, porém, continue enganando e sendo enganado, vai da consciência de cada um.
Entretanto, muito embora o dízimo seja uma prática veterotestamentária, é sabido da necessidade de recursos para se administrar uma igreja. Nesse caso é até salutar a prática do dízimo e da contribuição generosa (ofertas). Só não se pode dizer que o dízimo no Novo Testamento é bíblico, e/ou ameaçar a igreja com textos do Velho Testamento, como por exemplo Malaquias 3:8+12 (para Israel, NÂO para a igreja).
Porto Belo, 20 de julho de 2023.
Gustavo Maders de Oliveira - DMiss
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